Sede administrativa do Corinthians, no Parque São Jorge (Foto: Reprodução) |
Nessa sexta-feira (17), lemos um artigo muito bem escrito por Felipe Ezabella e Fernando Alba Braghiroli, publicado no Facebook. Um dos seus trechos, sobre as eleições do Corinthians, vem repercutindo bastante desde então.
Mas ao ler o texto por inteiro, percebemos que ele é mais profundo e aborda vários outros tópicos relevantes à vida política e administrativa do nosso Corinthians. Entre eles: os movimentos de legitimidade duvidosa que vem sendo feitos no Conselho Deliberativo, ideias para melhoria da governança do clube, ampliação da democratização do processo eleitoral, e outros alertas importantes sobre práticas do clube, consideradas por eles como abusivas.
Então, decidimos reproduzir o artigo na íntegra, para que você, corinthiano, possa refletir e opinar sobre todos esses pontos! Segue, a partir de agora:
Mudança em estatuto em ano de eleição? Muito cuidado!
por Felipe Legrazie Ezabella e Fernando Alba Braghiroli
No apagar das luzes de 2019, logo após a realização a última reunião do Conselho Deliberativo (13/12) que deixou de apreciar a proposta orçamentária pela falta de esclarecimentos, fomos todos surpreendidos com a nomeação pelo Presidente do Conselho Deliberativo de uma Comissão de Conselheiros para a Reforma do Estatuto.
Se a nomeação da Comissão é de duvidosa legalidade, uma vez que o parágrafo 3º do artigo 87 do Estatuto exige uma aprovação prévia do Conselho para sua criação, não resta a menor dúvida que ela não é legítima.
Isso porque a nomeação não foi precedida de debates, não houve o reconhecimento da necessidade de alteração do texto legal e também porque as chapas eleitas pelos associados na última eleição não estão integralmente representadas. O Movimento Corinthians Grande Corinthians Grande (do qual fazemos parte, de viés oposicionista e que elegeu uma das chapas), não teve representante nomeado para a Comissão.
Superada tais questões, não seriámos nós, associados como quaisquer outros, a querer atrapalhar uma eventual bem intencionada vontade de aprimorar as normas corinthianas - até porque são muitos os pontos que merecem atenção.
Isso se a real intenção for mesmo o aprimoramento de normas como um todo... porque passados quase dois anos da eleição do Conselho Deliberativo, há de se estranhar a nomeação de comissão às vésperas de mais um pleito eleitoral.
Sem querer redigir ou propor ainda qualquer texto específico à Comissão, gostaríamos de sugerir algumas ideias para a reflexão e o aprimoramento legislativo do clube em dois campos: Governança e Política.
Na área de GOVERNANÇA são muitas as ideias que vêm sendo debatidas na gestão de entidades associativas, sempre em busca de PROFISSIONALIZAÇÃO e TRANSPARÊNCIA TOTAL.
Novas formas de controle e responsabilização por gastos, acompanhamento orçamentário, novas funções e atribuições dos conselheiros, adoção de mecanismos mais eficientes para a prevenção e punição em casos de descumprimento estatutário, profissionalização da gestão, criação de uma diretoria independente de conformidade e integridade (compliance) e, ainda mais importante, a incorporação obrigatória de todas as informações administrativas e financeiras relativas às empresas e aos negócios que o clube faça parte (estádio, por exemplo).
No campo POLÍTICO, para uma gestão efetivamente democrática, se faz necessária a implementação de mecanismos que aumentem a participação de corinthianos na eleição.
Na reforma de 2008 conseguimos aumentar substancialmente a participação, passando a escolha do Conselho Deliberativo (400 integrantes) para a Assembleia Geral (média de 4.000 associados votantes).
Mas 4 mil votantes é muito, muito pouco. Temos que nos atentar à realidade. Já há alguns anos não somos apenas o Parque São Jorge. Somos Itaquera. Somos os Centros de Treinamento. Somos a cidade e o estado de São Paulo. Somos o Brasil.
Temos uma base de dados imensa, consolidada pelos anos de utilização de torcedores por meio do sistema “Fiel Torcedor”. Temos que pensar em alguma forma de participação desses torcedores.
Outra questão importante e que diminui sensivelmente o interesse e a participação do corinthiano na eleição do clube é o tempo de associação para poder votar (e ser votado).
Até 2008, o prazo era de 2 anos para poder votar! Hoje, são 5 anos! Temos que repensar esse prazo. Isso diminui o interesse na participação, diminui a arrecadação do clube, afasta potenciais associados (e candidatos) fazendo com que a renovação do quadro seja extremamente lenta.
Ainda quanto à eleição (e usando os péssimos exemplos do último pleito que acabaram por manchar ainda mais o nome do clube), seria importante que existisse alguma forma de controle independente da eleição, uma auditoria externa que pudesse acompanhar os trabalhos junto com a Comissão Eleitoral.
Precisamos de regras mais claras sobre as práticas abusivas - como o uso indiscriminado dos dados dos associados (numa adaptação à Lei Geral de Proteção de Dados), o uso de anistias, a deliberada compra de votos e o pagamento de mensalidades por terceiros com negócios no clube.
Bom, esses são apenas alguns pontos que, na nossa opinião, poderiam ser objeto de ampla discussão pelos Ilustres Conselheiros nomeados.
No apagar das luzes de 2019, logo após a realização a última reunião do Conselho Deliberativo (13/12) que deixou de apreciar a proposta orçamentária pela falta de esclarecimentos, fomos todos surpreendidos com a nomeação pelo Presidente do Conselho Deliberativo de uma Comissão de Conselheiros para a Reforma do Estatuto.
Se a nomeação da Comissão é de duvidosa legalidade, uma vez que o parágrafo 3º do artigo 87 do Estatuto exige uma aprovação prévia do Conselho para sua criação, não resta a menor dúvida que ela não é legítima.
Isso porque a nomeação não foi precedida de debates, não houve o reconhecimento da necessidade de alteração do texto legal e também porque as chapas eleitas pelos associados na última eleição não estão integralmente representadas. O Movimento Corinthians Grande Corinthians Grande (do qual fazemos parte, de viés oposicionista e que elegeu uma das chapas), não teve representante nomeado para a Comissão.
Superada tais questões, não seriámos nós, associados como quaisquer outros, a querer atrapalhar uma eventual bem intencionada vontade de aprimorar as normas corinthianas - até porque são muitos os pontos que merecem atenção.
Isso se a real intenção for mesmo o aprimoramento de normas como um todo... porque passados quase dois anos da eleição do Conselho Deliberativo, há de se estranhar a nomeação de comissão às vésperas de mais um pleito eleitoral.
Sem querer redigir ou propor ainda qualquer texto específico à Comissão, gostaríamos de sugerir algumas ideias para a reflexão e o aprimoramento legislativo do clube em dois campos: Governança e Política.
Na área de GOVERNANÇA são muitas as ideias que vêm sendo debatidas na gestão de entidades associativas, sempre em busca de PROFISSIONALIZAÇÃO e TRANSPARÊNCIA TOTAL.
Novas formas de controle e responsabilização por gastos, acompanhamento orçamentário, novas funções e atribuições dos conselheiros, adoção de mecanismos mais eficientes para a prevenção e punição em casos de descumprimento estatutário, profissionalização da gestão, criação de uma diretoria independente de conformidade e integridade (compliance) e, ainda mais importante, a incorporação obrigatória de todas as informações administrativas e financeiras relativas às empresas e aos negócios que o clube faça parte (estádio, por exemplo).
No campo POLÍTICO, para uma gestão efetivamente democrática, se faz necessária a implementação de mecanismos que aumentem a participação de corinthianos na eleição.
Na reforma de 2008 conseguimos aumentar substancialmente a participação, passando a escolha do Conselho Deliberativo (400 integrantes) para a Assembleia Geral (média de 4.000 associados votantes).
Mas 4 mil votantes é muito, muito pouco. Temos que nos atentar à realidade. Já há alguns anos não somos apenas o Parque São Jorge. Somos Itaquera. Somos os Centros de Treinamento. Somos a cidade e o estado de São Paulo. Somos o Brasil.
Temos uma base de dados imensa, consolidada pelos anos de utilização de torcedores por meio do sistema “Fiel Torcedor”. Temos que pensar em alguma forma de participação desses torcedores.
Outra questão importante e que diminui sensivelmente o interesse e a participação do corinthiano na eleição do clube é o tempo de associação para poder votar (e ser votado).
Até 2008, o prazo era de 2 anos para poder votar! Hoje, são 5 anos! Temos que repensar esse prazo. Isso diminui o interesse na participação, diminui a arrecadação do clube, afasta potenciais associados (e candidatos) fazendo com que a renovação do quadro seja extremamente lenta.
Ainda quanto à eleição (e usando os péssimos exemplos do último pleito que acabaram por manchar ainda mais o nome do clube), seria importante que existisse alguma forma de controle independente da eleição, uma auditoria externa que pudesse acompanhar os trabalhos junto com a Comissão Eleitoral.
Precisamos de regras mais claras sobre as práticas abusivas - como o uso indiscriminado dos dados dos associados (numa adaptação à Lei Geral de Proteção de Dados), o uso de anistias, a deliberada compra de votos e o pagamento de mensalidades por terceiros com negócios no clube.
Bom, esses são apenas alguns pontos que, na nossa opinião, poderiam ser objeto de ampla discussão pelos Ilustres Conselheiros nomeados.
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