Ao tentar uma bicicleta, Pedrinho levou o segundo amarelo, e em seguida o vermelho (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians) |
Mas esse pós-jogo não serve só pra contar qual foi o placar desse jogo, e sim pra contar COMO se chegou a essa placar. Vem com a gente!
1º TEMPO: O ÁPICE DA ESPERANÇA
O jogo começou elétrico, com os hormônios à flor da pele e com a Arena Corinthians fervendo como há muito tempo não víamos. Mas havia um personagem a mais querendo aparecer na partida, além das duas equipes: o árbitro argentino Néstor Pitana, que já havia apitado duas eliminações do Timão na Arena. Escalado pela terceira vez, logo no início mostrou a que veio: enquanto o Guaraní praticava uma cera despudorada desde o primeiro minuto, impunemente, o Corinthians sofreu com o seu rigor máximo, tendo três jogadores amarelados em 13 minutos! Desses, apenas um (Camacho) foi justo, e os outros (Cantillo e Pedrinho) foram no mínimo discutíveis.Enquanto isso, o time tentava jogar. Aos 5 minutos, Pedrinho deu o primeiro chute corinthiano, aproveitando a sobra, mas seu chute de esquerda saiu pela linha de fundo. A pressão não parava, e rapidamente resultou em gol: aos 8, Luan recebeu a bola no lado direito e foi levando para o meio, até bater colocado sem defesa para o goleiro: Corinthians 1x0!
A resposta do Guaraní veio aos 20 minutos, quando Cássio fez um pequeno milagre em uma finalização dos paraguaios, e no rebote Redes isolou, com o gol aberto.
O Corinthians pressionava, principalmente pelas laterais do time adversário. O time também cruzou muitas bolas, dando origem a vários lances onde Vágner Love dominou, para girar e chutar travado. Em seguida, em um cruzamento perigoso de Fagner, três jogadores se esforçaram, mas não alcançaram a bola.
Até que aos 28, ocorreu o que parecia inevitável: a expulsão de um corinthiano. A imprudência de uma das nossas maiores esperanças foi o lance escolhido para o vermelho acontecer: Pedrinho tenta dar uma bicicleta e atinge o zagueiro Ángel Bénitez: segundo amarelo e rua para o camisa 10.
Mas o que tinha tudo pra virar desespero ganhou ares de euforia: aos 31 minutos, Cantillo lança Love na esquerda, que após bela jogada cruza na área e encontra Mauro Boselli, sozinho na pequena área: Corinthians 2x0! Placar que classificava a equipe para a fase seguinte do torneio.
O Guaraní, então, decidiu parar com a cera e começar a jogar bola. Em bom lance, Ángel cabeceou forte e obrigou Cássio a fazer boa defesa. Do outro lado, mesmo com um a menos o Corinthians não parou de tentar ampliar: primeiro com Fagner, que bateu uma falta direto para o gol e acertou o travessão. E no último minuto do primeiro tempo com Love, que após outra cobrança da falta cabeceou à queima roupa e obrigou o goleiro a fazer uma defesa que, no fim das contas, seria decisiva.
2º TEMPO: DO CÉU AO INFERNO
O time paraguaio voltou com tudo na segunda etapa, pressionando o Corinthians e abusando dos cruzamentos em busca do seu gol. E acabou conseguindo, com a colaboração da arbitragem: aos 6 minutos, na entrada da área, Bobadilla caiu após passar por Gil, simulando uma falta que não aconteceu - nosso zagueiro chega a recolher a perna para evitar o choque. Mesmo assim Pitana marca a falta, e na sua cobrança Fernández consegue o gol paraguaio. O chute, forte e no canto, era defensável, mas Cássio somente tocou levemente na bola. O Guaraní voltada a estar classificado.A reação do Corinthians foi tirar Sidcley, que não fazia boa partida, e colocar Lucas Piton. O time seguiu atacando: Luan, em cobrança de falta, fez a bola passar rente à trave e balançar a rede pelo lado de fora, para desespero da torcida!
Poucos minutos depois, outra mudança: Love saiu para a entrada de Gustavo. O Corinthians cresceu no jogo e criava chances, agora também abusando da jogada aérea. Como o terceiro gol não saía o time ficou ainda mais ofensivo: saiu Camacho para a entrada de Janderson, aos 34 minutos. Mas o gol não saía.
Aos 40 minutos, Ramaña foi expulso após tomar o segundo amarelo. Com isso, eram 10 contra 10, e o Corinthians foi para o tudo ou nada. A última chance, de Fagner, parou nas mãos do goleiro. E nos acréscimos o time paraguaio conseguiu estabilizar a partida e sair classificado.
ANÁLISE FINAL
É uma eliminação dolorosa, mas o time jogou muito bem, conseguindo dominar e vencer um Guaraní que veio ao Brasil jogar bola, e não ficar retrancado.Com Pedrinho em campo o Corinthians mudou taticamente. Ele caiu pela direita, ao passo que Love atuou mais pela esquerda e Luan flutuava pelo último terço do campo, com Boselli alerta para todas as oportunidades de gol. Sem ele, o time mudou o posicionamento tático, com Love fazendo a beirada direita e o time formando duas linhas de quatro, com Boselli mais à frente. Mas a postura foi a mesma, independente do esquema: muita marcação pressão, linhas altíssimas e o time sufocando a todo instante em busca do gol.
Na defesa, vimos uma ótima partida de Pedro Henrique, que em uma partida dominada pela emoção se manteve seguro e ainda contribuiu na saída de bola. Porém tudo fica mais difícil quando a linha defensiva é manca: forte na direita, mas problemática na esquerda. Sidcley, que para muitos sequer deveria ter sido escalado, não apresentou evolução e foi no seu setor que o Guaraní mais encontrou espaço para atacar e criar suas melhores chances. Após a entrada de Piton o flanco esquerdo melhorou significativamente, com belo apoio ofensivo e algumas boas bolas cruzadas.
No ataque o Corinthians criou muito: 23 chutes a gol, sendo sete no gol - mas perdeu muitas chances. Como sempre, Love teve sua cota de gols perdidos - ainda que o goleiro adversário tenha seu mérito na chance mais aguda, a cabeçada no primeiro tempo. No entanto, é importante destacar que ele foi participativo, jogando com os companheiros e acabou premiado com a assistência dada no segundo gol. Ao sair, para a entrada de Gustavo, o time sentiu ofensivamente, pois a qualidade da troca de passes lá na frente caiu demais. Pra piorar, nem nos lances aéreos ele contribuiu, acertando apenas 21% dos cabeceios no gol, todos defensáveis.
Mas talvez a melhor notícia da noite foi Luan, que voltou a marcar e atuar bem - porém o desgaste físico veio à tona no segundo tempo. Por incrível que pareça, nosso desequilíbrio nas laterais afeta seu futebol, pois ele sempre acaba tomando a decisão de virar para a direita ou cruzar para o Fagner. Depois da entrada de Piton essa jogada podia ter sido variada também para a esquerda, mas isso não ocoreu.
Moral da história: vimos que o Corinthians deu a vida em campo, e com certeza jogou mais que o suficiente para se classificar. Poderíamos elencar aqui um motivo ou dois para nos preocuparmos, como a imprudência de Pedrinho, a escalação de Sidcley, o gol perdido de Love ou a entrada de Gustavo em campo (que em nada rendeu), mas o Timão conseguiu passar por cima de tudo isso e marcar os dois gols que precisava. Se o Guaraní marcou o seu, foi acima de tudo porque pôde cobrar uma falta que, apesar de marcada, não existiu. E esse erro de Néstor Pitana foi apenas um de vários, cometidos desde o início de jogo, que fizeram do juiz o protagonista (negativo) da partida. E um jogo de Libertadores que tem no juiz seu "craque" sempre precisa ser olhado com bastante perspectiva.
A hora não é de buscar culpados, mas de apoiar, afinal a temporada ainda é longa e promete demais! Sábado tem clássico, talvez com a presença de Yony González e o futebol apresentado nesta quarta nos deixa otimista para o que veremos no jogo contra o São Paulo. O Majestoso será disputado no Morumbi, a partir das 19 horas.
FICHA TÉCNICA: CORINTHIANS 2 X 1 GUARANÍ
Competição: Copa Libertadores da América / 2ª Fase EliminatóriaData: 12 de fevereiro de 2020 (quarta-feira), às 21h30
Estádio: Arena Corinthians, São Paulo, SP
Árbitro: Néstor Pitana
Assistentes: Juan Belatti e Julio Fernández
Público: 40.237 pagantes (público total: 40.598)
Renda: R$ 2.225.657,34
Corinthians: Cássio; Fagner, Pedro Henrique, Gil e Sidcley (Lucas Piton); Camacho (Janderson) e Cantillo; Pedrinho, Luan e Vagner Love (Gustavo); Mauro Boselli.
Guaraní: Servío; Garcia (Maná), Romaña, Báez, Ramírez e Benítez; Morel, Florentín (Bobadilla), Ángel Benítez e Redes; Fernandéz (Benítez).
Gols: Luan, Mauro Boselli (Corinthians); Fernandéz (Guaraní)
Cartões amarelos: Gil, Camacho, Cantillo e Pedrinho (Corinthians); Romaña, Báez, Ángel Benítez e Maná (Guaraní)
Cartões vermelhos: Pedrinho (Corinthians); Romaña (Guaraní)
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