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8 de março de 2020

Memórias de Torcedor #3 - há 11 anos, em Presidente Prudente

No primeiro Derby de Ronaldo, o Prudentão estava lotado e dividido entre corinthianos e palmeirenses (Foto: Arquivo pessoal/Felix Penha)
Por Felix Penha, empresário e corinthiano apaixonado

Eu sou o Felix, tenho 25 anos e venho de uma família totalmente corinthiana e fanática. Das coisas que lembro da minha infância, muitas estão ligadas ao Corinthians. Eu moro em Presidente Prudente, que fica que fica mais ou menos a 550km da capital.

Eu já tinha frequentado estádio e assistido o Corinthians in loco algumas vezes, então o que irei escrever a seguir não é sobre uma primeira experiência ao estádio, mas sim sobre a experiência de ver um ídolo ao vivo.

O ano era 2009. Eu tinha 14 anos, perto de completar 15. Vinha em um momento de extremo fanatismo e ânimo com o Corinthians, pois em 2007 eu sofri como nunca, como torcedor, e depois em 2008 fiquei feliz pela Série B, mesmo ainda sendo zoado por causa do rebaixamento. Mas uma notícia no final daquele ano me deixaria muito feliz e também ansioso: Ronaldo Fenômeno iria jogar no Corinthians.

Pra mim Ronaldo era uma referência é um ídolo enorme; a Copa de 2002 pra mim é muito marcante, é a primeira que eu lembro. Além disso ele era um sinônimo de inspiração e superação.

Eu lembro que na minha cidade, Presidente Prudente, desde o fim de janeiro de 2009 já se falava que Derby Paulista seria realizado aqui, em março. Antes disso, em fevereiro, o Corinthians já tinha jogado no Prudentão contra o Noroeste: vitória fácil por 2 a 0. Eu estava lá; foi um jogo bem legal, e Ronaldo estava no camarote. Lembro que na rádio já se falava, naquele dia, do Derby que semanas depois seria disputado no mesmo estádio.

Alguns dias antes do jogo, fui comprar meu ingresso, do meu pai e meu tio para o jogo. Me lembro que fiquei mais ou menos uma hora na fila para compra. Era uma quarta-feira, e no mesmo dia à noite Ronaldo estava estreando pelo Corinthians. Sua presença para o clássico no domingo estava confirmada, também. E eu já contava os dias, pois iria assistir ao vivo o atacante com que comemorei aqueles gols no penta com 8 anos de idade! Eu só não fiz aquele corte cascão horroroso dele porque graças a Deus minha mãe não deixou isso acontecer (obrigado mãe)...

O dia do jogo

Eu lembro muito do dia 08 de março de 2009. Acordei bem cedo, fui jogar um jogo do campeonato sub-15 no qual participava, e ainda estava tranquilo. Na hora do almoço é que me lembro de colocar a camisa do Corinthians e perceber: não era a primeira que ia ao estádio, nem mesmo a um Derby, mas eu estava diferente. Lembro que fui comer em um restaurante e estava muito cheia a cidade. Muitos corinthianos e palmeirenses juntos, o clima era amistoso e tudo indicava que o estádio ia lotar.

Fomos para o jogo em um grupo de seis pessoas, em uma kombi que meu pai tinha - cantando o hino do Timão o caminho todo, ansiosos demais. Chegamos, e ficamos em uma fila para entrar no estádio, até que grande mas bem tranquila. O calor é que era forte, tipo uns 40 graus, com uma sensação mais forte talvez, pois não parava de chegar gente. Então os times entraram para aquecer, e eu cada vez mais ansioso!

Então o jogo começa, e sinceramente não me lembro muita coisa do primeiro tempo, porque estava feio e o calor atrapalhava muito também. Acabou sendo um 0x0 bem chato.

Mas uma coisa bem legal que me lembro é de ver o estádio literalmente dividido, 50/50 entre as torcidas. Uma coisa imaginável nos dias de hoje; estava muito lindo. Torcida do Palmeiras fazia mosaico, a Gaviões com um enorme bandeira e fumaça... a “guerra" de arquibancada era um dos momentos mais incríveis para viver - que pena que perdemos isso.

Bandeirão da Gaviões da Fiel em Presidente Prudente (Foto: Arquivo pessoal/Felix Penha)
Enfim, voltando. Começou o segundo tempo, e aí sim esse jogo ficou marcante. O nível melhora, e por ser um clássico o clima continuava incrível e quente. As torcidas não paravam de cantar e mesmo um pouco distante da Gaviões eu estava igual: não parava de cantar. O Palmeiras abriu o placar com Diego Souza - me lembro que o Felipe teve uma falha absurda, uma saída errada e o rival abriu o placar.

O tempo passava, e começávamos a pedir Ronaldo. Até que pouco tempo depois o homi entrou no campo. Naquele momento me lembro de meu pai e meu tio falando pra mim: "não importa o que vai acontecer aqui, estamos vendo um dos maiores da história com nossos próprios olhos. Já valeu o ingresso".

No primeiro lance dele no jogo, vi que ele era muito diferenciado: ele dá um corte incrível no zagueiro, bate pro gol e ela explode no travessão. A bola ia no ângulo! O tempo passava e o gol não saía, Ronaldo tentava, mas o jogo era duro, e aos poucos as minhas esperanças iam acabando. Até porque naquele momento já começava a ficar com uma tremenda raiva, porque os palmeirenses não paravam e cantavam: "favela, favela, silêncio na favela".

Um gol histórico

A comemoração de Ronaldo, na visão do ilustrador Eric Baket
Mas tem dias que os deuses do futebol abençoam, né? Rolou um escanteio no fim do jogo, e eu estava bem perto na arquibancada. Falei "capricha Douglas". E quando ele bate, naquela fração de segundo eu vejo um jogador subindo e bola indo para rede: GOL!

O estádio explode. Meu pai me dá um abraço que não esqueço até hoje, meu tio está quase em lágrimas do meu lado falando "É DO RONALDO, FOI DO RONALDO"! Eu fico olhando pro campo, os jogadores comemorando, o alambrado caindo. Naquele momento estava tão feliz, tão feliz que não me passou nada pela cabeça, era só felicidade e alegria. Até hoje tenho a imagem daquele gol na minha cabeça, e do sentimento que só vivemos quando frequentamos um estádio. Ficou marcado!

Eu não lembro como o jogo termina após o gol, mas me lembro da torcida enlouquecida. E de todos nós corinthianos presentes no estádio, cantando todas as músicas possíveis. "Aqui tem um bando de louco”, o hino do Corinthians, “Corinthians minha vida, minha história, meu amor", " Todo poderoso Timão", entre tantas outras. Desde o apito final, ficamos uns 10 ou 15 minutos dentro do estádio vibrando e comemorando. Quando saímos do Prudentão, não tinha mais torcedores do Palmeiras nas arquibancadas.

Chegamos no carro, tirei a bandeira coloquei pra fora e o pendurei no vidro. E do caminho do estádio até em casa, que são cerca de 10 minutos, meu pai foi buzinando a Kombi para todos corinthianos que encontrávamos no caminho. Dentro dela não parávamos de cantar e vibrar, e foi isso até eu chegar na minha casa.

Felix, aos 14 anos, vendo um ídolo mundial com a camisa do Corinthians (Foto: Arquivo pessoal/Felix Penha)
E é isso! Essa é a história de um dia marcante para um menino na época de 14 anos que ainda não sabia direito a dimensão do que viveu. Hoje, 11 anos se passaram, e o meu corinthianismo aumentou e muito. Apesar da distância entre Presidente Prudente e São Paulo, frequento jogos do Corinthians pelo menos três ou quatro vezes ao ano na Arena, e tento ir em alguns jogos fora de casa também. Tenho uma coleção com mais de 40 camisas do time e sou ainda mais louco pelo Timão do que aquele menino que viu Ronaldo na sua cidade.

Esse texto não é uma homenagem, mas aqui fica o meu agradecimento ao meu pai. Não seria corinthiano se não fosse ele, e eu não ia nem gostar de futebol se não fosse por ele. Acima de tudo ele é o meu principal amigo, vai comigo aos jogos em Arena e nossas histórias são mais que incríveis: são inesquecíveis. Quem sabe um dia posso contar algumas aqui?

CORINTHIANS MINHA VIDA, CORINTHIANS MINHA HISTÓRIA, CORINTHIANS MEU AMOR!

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