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1 de janeiro de 2020

Rivellino: um erro de arbitragem que nos custou um ídolo

Rivellino no Corinthians
Roberto Rivellino jogou nove anos no Corinthians, entre 1965 e 1974 (Foto: TVI24)
É Fiel, começou mais um ano! E mais uma vez, hoje é dia de comemorarmos o aniversário de três jogadores muito importantes da nossa história: Guerrero, Viola, e ele: Roberto Rivellino, o Reizinho do Parque!

O campeão do mundo pelo Brasil em 1970 tem uma longa história com o Corinthians, onde começou jogando nas categorias de base. Depois, subiu ao time principal e por quase 10 anos infernizou os adversários em quase 500 partidas, tornando-se ídolo da torcida e marcando época no clube, em um momento onde a falta de títulos importantes incomodava bastante. 

Muitos corinthianos, porém, veem Rivellino com um "pé atrás" hoje em dia, e isso tem uma origem: a perda do Campeonato Paulista de 1974 para o forte Palmeiras de Ademir da Guia.

Eram, ambas as equipes, muito fortes: se nós contávamos com atletas Vaguinho, Zé Maria e Rivelino, os palmeirenses tinham Leão, Edu, Ademir da Guia e Leivinha - sem falar no lendário treinador Osvaldo Brandão. A força das equipes se fez provar no estadual: o Timão venceu o primeiro turno, e o Palmeiras o segundo, fazendo com que um Derby decidisse o título. 

No primeiro jogo, no Pacaembu, conseguimos um empate. Mas na volta, no Morumbi, com mais de 100 mil corinthianos contra 10 mil palmeirenses nas arquibancadas, perdemos por 1x0 e continuamos na "fila", que só acabaria três anos depois.

O bode expiatório

Mas, por que essa decisão perdida manchou Rivellino no Corinthians? Simples: porque ele foi tratado como responsável pelo vice, basicamente. Tanto por parte de torcedores quando pela imprensa, que cobrou o jogador por uma suposta falta de empenho nas partidas.

Para completar, alguns jornais ajudaram a colocar mais lenha na fogueira, fazendo algo parecido com o que hoje chamamos de "fritura". Um exemplo é essa foto à direita: ela registra o zagueiro Luis Pereira, do Palmeiras, consolando Rivelino após uma falta não-marcada pelo árbitro.

Mas essa falta em questão não foi uma qualquer: na sequência dessa jogada, a bola sobrou para Ronaldo fazer o gol palmeirense e dar o título aos nossos rivais.

Outra mostra dessa fritura pode ser conferida no recorte abaixo, de matéria da Folha de São Paulo de 26/12/1974, com texto ácido e irônico, onde praticamente coloca um alvo na cara de Rivellino. Foi questão de dias até que a insatisfação com o vice virasse fúria - não com o vice, mas com o Reizinho.

Ele foi acusado de ter pipocado. E infelizmente a própria diretoria, pressionada, entrou na onda. Para dar uma resposta, negociou Rivellino com o Fluminense. Ele saiu do time que "aprendeu a amar", como disse em entrevista em 2010,  em meio à revolta e frustração: com o nome manchado, sem ter a chance de responder em campo às acusações, e sem ter conseguido ser campeão paulista pelo clube.
"Por ser o mais famoso, é o maior culpado", diz a Folha em 26/12/74

Injustiçado

Há alguns anos, porém, uma revelação foi feita, mas pouco divulgada, e por isso ela merece ser contada sempre: tanto Rivellino quanto o Corinthians foram MUITO prejudicados naquela partida. O Rivelino, pois pagou sozinho pela ira da torcida, e o Corinthians pois ficou mais 3 anos na fila graças a uma falta que o árbitro não marcou, mas que ACONTECEU.

Sim, nosso time perdeu um título e um ídolo no auge da forma por conta de um erro de arbitragem. E quem disse isso não foi um corinthiano, e sim alguém que estava em campo naquele dia: Ademir da Guia!

Em 2013, ele esteve junto com Rivellino no programa Cartão Verde, da Cultura. A enquete daquele programa falava de lances polêmicos no futebol. E conversa vai, conversa vem (mais precisamente no minuto 20 do vídeo abaixo), ele acaba por admitir que a dividida foi faltosa em cima de Rivelino. Em seguida, alivia para cima do árbitro, dizendo que ele estava longe e por isso não marcou. Fosse hoje em dia...

 

Outra curiosidade sobre o árbitro em questão: ele foi o Dulcídio Wanderley Boschillia, o mesmo que apitou o jogo do título paulista do Corinthians em 1977 e que, segundo muitos até hoje, teria apitado o jogo com a clara intenção de nos favorecer, como na expulsão do atleta Rui Rei, da Ponte Preta. Mas, se ele fosse corinthiano e apitasse com o intuito de nos ajudar, por que não o fez em 1974?

Infelizmente, só nos resta lamentar o erro e relembrá-lo, sempre, para nunca mais deixarmos de colocar Rivellino no lugar que é dele por direito: o de um dos nossos maiores jogadores da história. Que, se não tivesse saído da forma que saiu em 1974, provavelmente ficaria no clube até se aposentar, e certamente teria tido a oportunidade de levantar um Paulista ou Brasileiro pelo Timão!

Por isso dizemos: obrigado por tudo Reizinho, e parabéns por mais um ano de vida!

Escrito e revisado por Daniel Keppler

Agradecimento especial a Felipe Prevedello, do História em Preto e Branco

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