Corinthians e Lyon (BRA) são os atuais campeões continentais da Conmebol e UEFA no futebol feminino (Foto: montagem) |
Mas, na teoria, a equipe de Arthur Elias teria um quarto torneio a disputar, nessa lista. Aquele, que deveria ser o mais importante, que coloca frente a frente os melhores de cada continente. SIM, o Mundial de Clubes!
Uma história (não tão) antiga
Pois é. Apesar de todo o crescimento da modalidade nos últimos anos, até hoje a FIFA ainda não organizou um torneio interclubes, como o que realiza no masculino desde 2000. Mas isso não significa que ela não tentou; na verdade, não só tentou como chegou a marcar a data e local da primeira edição: a data seria março ou abril de 2010, e o local seria a cidade de Santos. Sim, o Brasil também seria a sede inaugural do Mundial de Clubes das mulheres.Essa escolha tinha uma razão e um forte responsável: o então presidente do Santos FC, Marcelo Teixeira. Na época, o mandatário era membro da Comissão Organizadora do Mundial de Clubes Masculino da FIFA, e também respondia pelo clube que talvez fosse o melhor do país na modalidade feminina, na época - somente entre 2006 e 2008, as santistas venceram três Jogos Regionais, um Paulista e uma Copa do Brasil.
Assim, provavelmente visando unir o útil ao agradável, o dirigente propôs, em março de 2009, que a FIFA criasse um torneio mundial de clubes para as mulheres (à direita, recorte do site do Santos). Na mesma reunião, começaram as discussões para a criação, também, da Copa Libertadores Feminina, a fim de indicar o representante do continente para o torneio.
O Santos, que seria o representante brasileiro no torneio, se mexeu: trouxe por empréstimo estrelas mundiais como Cristiane e ela, Marta, uma das melhores jogadoras da história. Claro que deu 100% certo: na competição da Conmebol, em outubro, disputada em Santos e São Paulo, a equipe venceu todos os jogos que disputou e foi campeã com sobras.
Menos de duas semanas depois, a Comissão de Futebol Feminino da FIFA se reuniu na Suíça e bateu o martelo: seria criada a I Copa do Mundo Feminina de Clubes, e ela ocorreria em março ou abril de 2010, na cidade de Santos. As confederações continentais tinham até janeiro para indicar seus representantes para o torneio, sendo que por parte da UEFA o provável indicado seria o Turbine Potsdam (ALE), campeão da UEFA Women's Cup 2008-09.
Mas, por alguma razão, o projeto não andou. É escasso o material na Internet sobre o motivo do cancelamento, mas é possível afirmar que, em dezembro de 2009, o torneio ainda estava de pé (conforme afirma essa matéria).
O Torneio Internacional de 2011
Com isso, foi criado em janeiro de 2011 um torneio inspirado no Mundial de Clubes, mas sem seu status: o Torneio Internacional Interclubes de Futebol Feminino. O torneio, autorizado pela CBF e organizado pela FPF em parceria com a empresa Sport Promotion, foi um quadrangular jogado em Araraquara entre três equipes brasileiras (Santos, Palmeiras e Foz Cataratas) e uma da Suécia, o Umea IK (clube que Marta já havia defendido por três anos). Após quatro jogos, as santistas venceram a competição.A era do IWCC
No ano seguinte, um novo personagem entrou nessa história: Taguchi Yoshinori, na época presidente da Nadeshiko League (a elite japonesa do futebol feminino). Em outubro de 2012, ele anunciou a criação da International Women's Club Championship (IWCC). A proposta era simples e clara: organizar o torneio em parceria com a Federação Japonesa por três anos e, então, trabalhar para que ele fosse assumido pela FIFA e transformado em um legítimo Mundial de Clubes (abaixo, recorte do site da Federação Japonesa).IWCC 2012
Apenas um mês depois do anúncio, quatro times entravam em campo para a primeira edição do torneio:- INAC Kobe Leonessa (JAP): campeão da Nadeshiko League 2012
- NTV Beleza (JAP): campeão da Nadeshiko League Cup 2012
- Canberra United FC (AUS): campeão da W-League 2011-12)
- Lyon (FRA): campeão da UEFA Women's Champions League 2011-12
IWCC 2013
Na segunda edição, já tivemos a América do Sul representada. Ao todo foram cinco equipes na competição:- INAC Kobe Leonessa (JAP): campeão da Nadeshiko League e da Nadeshiko League Cup 2013
- NTV Beleza (JAP): vice-campeão da Nadeshiko League 2013
- Sydney FC (AUS): campeão da W-League 2012-13
- Colo Colo (CHI): campeão da Copa Libertadores 2012
- Chelsea (ING): convidado para representar a UEFA
IWCC 2014
Em 2014, foi a vez do Brasil estrear na competição, que ganhou mais uma equipe, totalizando seis:- Okayama Yunogo Belles (JAP): campeão da Nadeshiko League - Regular Series 2014
- Urawa Red Diamonds (JAP): campeão da Nadeshiko League - Exciting Series 2014
- Jiangsu Huatai (CHN): campeão do IWCC Qualifying Tournament
- Melbourne Victory (AUS): campeão da W-League 2013-14
- São José (BRA): campeão da Copa Libertadores 2013
- Arsenal Ladies (ING): campeão da FA Women's Cup 2013-14
E a FIFA, afinal?
Após os três anos de torneio, a IWCC passou a negociar com a FIFA para que a entidade desse seu endosso às edições seguintes, tornando-as oficialmente um Mundial de Clubes. Haveria brasileiras na edição de 2015: o São José, que havia vencido a Libertadores de 2014. Mas as conversas não avançaram e, em setembro, a direção do IWCC anunciou o cancelamento do torneio de 2015 (abaixo, recorte do Globo Esporte.com); ele nunca mais foi realizado.Antes disso, ainda em 2013, houve outra tentativa de criação de um torneio, também envolvendo o São José. Na proposta, haveria apenas um confronto entre a equipe brasileira e a campeã europeia (as alemãs do Wolfsburg), em jogo único no Japão ou em dois jogos (um na Alemanha e um no Brasil). No entanto, como a proposta não saiu do papel, coube às paulistas disputarem mesmo o IWCC de 2014.
Os anos passaram e o assunto pareceu morrer para a FIFA. Apenas em maio de 2017, durante seu congresso no Bahrein, a entidade volta a se manifestar sobre o tema, através de um comentário de Emily Shaw, head de governança e liderança de futebol feminino da FIFA. Ela afasta a possibilidade de criação do torneio, por considerar a ideia "prematura".
Cenário atual e um sonho possível
Após o imenso sucesso da Copa do Mundo de seleções, em 2018, o futebol feminino sobe de nível na visão de muitos torcedores, e também da FIFA. Através de seu presidente Gianni Infantino, durante conferência em setembro, a entidade divulga um metas ambiciosas para desenvolver a modalidade no mundo, incluindo investimentos de até US$ 1 bilhão em cinco anos e a criação de um Mundial de Clubes em um futuro próximo - para 2020 ou 2021, segundo ele. Não tivemos novidades ainda, então talvez esse ano não role...A última manifestação de fato da FIFA, sobre o assunto, é recente: após o Corinthians conquistar o bicampeonato da Libertadores, houve um forte apelo nas redes sociais, por parte de torcedores alvinegros, para que fosse organizada uma disputa entre a equipe e o Lyon (FRA), atual campeão europeu. Na onda da Internet, a ESPN entrou em contato com a FIFA, que apesar de não citar datas, confirmou que faz parte dos planos da entidade a criação do torneio.
Mas, aqui nós gostamos de refletir, vocês sabem. E por isso, fixemos aqui um exercício para saber: como seria um Mundial de Clubes Feminino esse ano?
Mundial de Clubes Feminino 2020: como seria?
Baseado no que foi a IWCC e, considerando que a FIFA talvez optasse por, neste início, não fazer com o torneio feminino o que fez com o masculino (a ampliação e a transformação em quadrienal), podemos imaginar uma competição simples, com seis times representando seis continentes, num torneio mata-mata de tiro curto.Temos, porém, um impasse: hoje, apenas três confederações tem campeões continentais: a UEFA, a Conmebol, e a AFC, que inaugurou sua competição ano passado. Os seus campeões vigentes são:
- Lyon (FRA)
- Corinthians (BRA)
- Nippon TV Beleza (JAP)
- Rivers Angels (NIG)
- North Carolina Courage (EUA)
- Canterbury United Pride (NZL)
O formato não é difícil imaginar: Corinthians e Lyon pré-classificados às semifinais, e os outros quatro times disputando as outras duas vagas em um mata-mata preliminar. Como foi o torneio masculino em 2005 e 2006 a propósito.
Como sede, imaginamos o Brasil. Seria uma forma de "compensar" o país pela perda do torneio em 2010, e uma garantia de pelo menos três bons públicos - afinal o Corinthians está em alta entre a torcida, e conseguiria garantir, pensamos nós, pelo menos 25 mil torcedores nas suas partidas. O jogo do Lyon na semifinal também teria boa assistência, acreditamos.
E você, o que acha? Um Mundial de Clubes seria viável dessa forma, já esse ano? Ou a FIFA está correta em deixar a criação do torneio em segundo plano? Deixe seu comentário!
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