O Corinthians e sua saga por um ponta esquerda

Everaldo, Janderson e Vagner Love durante treino do Corinthians em 2019 (Foto: Agência Corinthians)

O Corinthians busca um atacante de lado de campo desde o término do Campeonato Brasileiro. Após inúmeras conversas com novo técnico alvinegro, Tiago Nunes, o clube e o treinador chegaram à conclusão de que o elenco possuía pontos fracos que precisavam ser reforçados por novos jogadores. Um deles, bastante sensível, era na posição de ponta esquerda; o diagnóstico era de que os atletas à disposição no momento (Clayson, Janderson, Everaldo e André Luís, que voltaria de empréstimo) não eram o suficiente.

Mas, antes de buscar um novo ponta esquerda, foi necessário abrir espaço no elenco. E para isso, o clube agiu, liberando Clayson para acertar com o Bahia por cerca de R$ 3 milhões (mantendo, ainda, 20% dos direitos). Outra saída, mais recente e ainda em negociações, é a do próprio André Luís, que interessa ao Daejeon Hana, da Coreia do Sul.

Ao mercado!

Após o Corinthians definir o que fazer da vida, foi a hora de buscar no mercado algum jogador para a posição. As características que ele deveria ter? Velocidade, profundidade e principalmente: estar pronto pra chegar e jogar. Logo o primeiro alvo foi definido: a revelação do Brasileirão 2019, Michael, do Goiás.

Corinthians fez oferta por Michael (Foto: Divulgação/Goiás)

Mas o que poderia ser a solução dos problemas corinthianos virou uma grande novela. O clube goiano exigia nada menos que R$ 50 milhões pelos direitos do atleta, valor irrealista para o Timão. A oferta do clube até foi proporcional: R$ 22,6 milhões por 50% dos direitos, além de alguns jogadores de uma lista pré-definida. Mas a proposta não atraiu, e as conversas se emperraram.

O ano virou, e logo nos primeiros dias de 2020 o caso ganhou mais manchetes, com o Corinthians insistindo na oferta e o Goiás batendo o pé. Novos clubes surgiram no páreo, com sondagens e ofertas oficiais. Até que no dia 8, por não ver evolução nas conversas, o clube emitiu solta desistindo da contratação, e partindo assim para outros jogadores.

Mas os capítulos seguintes dessa busca foram bem curtos, e igualmente tristes: logo após desistir de Michael, o Corinthians sondou o atacante Rony do Athletico-PR. Mas diante da alta pedida dos paranaenses (nada menos que € 12 milhões), nem rolou conversa. Vale lembrar que Rony quase veio para o Corinthians na sua chegada ao Brasil, mas o departamento jurídico do Timão temia pela condição do atleta, já que ele havia sido liberado de seu ex-clube pela FIFA após falta de pagamento de salários, e em caso de alguma reviravolta o novo clube teria que arcar com o valor de sua multa.

Então, partiu-se para o plano C - que começou tarde demais e por isso durou muito pouco: o colombiano Cristian Dájome, que jogou a temporada 2019 pelo Independiente Del Valle (EQU) mas pertence ao Atlético Nacional (COL). Teria sido feita uma proposta de R$ 7 milhões pelo jogador, porém ele já havia assinado um pré-contrato com o Vancouver Whitecaps (CAN) - que até poderia ser rescindido, mas o atleta preferiu manter a palavra.

E agora?

O Corinthians continua em busca de um jogador para a posição. Em entrevista nessa sexta-feira (11), o diretor Duílio Monteiro Alves, disse que o clube segue na busca, e que irá trazer um jogador para essa posição. Mas, quem no mercado teria as características que o Timão procura, por um valor acessível ao clube, e que pudesse chegar para jogar (afinal a Pré-Libertadores é em menos de um mês)?

A promessa no clube é de não fazer loucuras por qualquer atleta, e garante que caso não encontre ninguém no perfil buscado, levará o ano com os atletas que tem em seu plantel: Janderson, que terminou o ano como titular, e Everaldo, recuperado de lesão. Isso, claro, considerando que André Luís realmente saia - se não, também é opção.

Acreditamos que, no atual momento financeiro que o clube vive, é importante não fazer loucuras. E não vemos como ruim a ideia de dar mais oportunidades a Janderson, que nas partidas jogadas em 2019 mostrou ter potencial; jogador de habilidade com a bola no pé e muito rápido na movimentação, podendo agregar ainda mais ao time titular agora que a filosofia da equipe deverá ser mais ofensiva, considerando o perfil de Tiago Nunes.

Já Everaldo, que voltou de lesão e está fazendo a pré-temporada com toda a aquipe, teve uma passagem muito interessante pelo Fluminense. Era um jogador muito acionado em campo e que não tinha medo de enfrentar as defesas adversárias, ajudando com passes e gols.

Fora isso, caberia recorrer ao mercado para avaliar novas opções. Nas redes sociais, não faltam sugestões da torcida - mas nem sempre as pedidas são realistas para a atual situação do clube, como nos casos de Keno ou Roger Guedes.

As opções estão por aí

Caio Lucas e João Victor (em cima), Pity Martinez e Lautaro Acosta (embaixo): opções pro Timão?

Isso não significa, porém, que não haja a quem recorrer, e quem provou isso foi a equipe do Corinthians Scouts, que em um trabalho primoroso de checagem listou mais de uma dúzia de nomes que o Timão poderia abordar para trazer ao clube, seja em definitivo ou por empréstimo. Você pode ver a lista completa clicando aqui, mas pinçamos alguns nomes abaixo:

Caio Lucas: brasileiro de 25 anos, que chamou atenção no Al-Ain (EAU) durante o Mundial de Clubes de 2018 e desde 2019 está no Benfica (POR), mas sem muito destaque. É avaliado em €3 milhões.

João Victor: outro brasileiro de 25 anos, jogou durante anos no futebol da Áustria e hoje está no Wolfsburg (ALE). Ainda tem três anos de contrato por lá, mas quem sabe? É avaliado em € 4,5 milhões.

Gonzalo ‘Pity’ Martínez: argentino de 26 anos, é uma pedida frequente entre a torcida. Teve grande passagem pelo River Plate (ARG), e após isso se transferiu para o Atlanta United (EUA), que pagou o valor da cláusula de rescisão contratual (US$ 17 milhões!). Teve problemas no clube americano no meio de 2019, e apesar de ser um alvo irrealista para compra, talvez não fosse para empréstimo. É avaliado em € 15 milhões.

Lautaro Acosta: argentino de 31 anos. Jogador experiente, formado pelo Lanús (ARG) e com passagens por Sevilla (ESP) e Boca Juniors (ARG). Voltou ao Lanús em 2013 e joga lá até hoje. Jogador raçudo, como a Fiel gosta e se identifica. Avaliado em € 3,8 milhões.

Mas também queremos saber de vocês: vale a pena ir atrás do sonhado ponta esquerda? Ou o que o Corinthians tem hoje é o suficiente para a temporada que vamos enfrentar?

Escrito por Leonardo Schoneborn e Rodrigo Chirico, revisado por Daniel Keppler

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