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8 de janeiro de 2020

Defender o Parque São Jorge é defender o corinthianismo

Vista aérea do Parque São Jorge
Vista aérea do Parque São Jorge (Foto: Reprodução/Sampa Online)

Há alguns dias, os corinthianos vem discutindo, especialmente no Twitter, atitudes que cada um tomaria de estivesse na direção do Corinthians (ou se fosse eleito). E, para surpresa de alguns (incluindo destes que vos escreve), um tópico surgiu com frequência: a venda do Parque São Jorge, ou de pelo menos parte dele.

Outros são mais radicais: falam em enxugamento do clube e na obrigação de modalidades se pagarem - o que sabemos que, na prática, significa a quase-morte do Corinthians como clube poliesportivo.

Não sei dizer o quão antigo é esse pensamento de parte da torcida, quando a nossa sede, quase centenária, virou aparentemente descartável. Mas, independente de qualquer coisa, é um pensamento preocupante, e em diversos níveis.

Estádio Alfredo Schürig em 1931
Fazendinha em 1931 (Foto: Reprodução/Site oficial do Corinthians)
É fato que a criação do Corinthians está intrinsecamente ligada ao futebol: deslumbrados pela qualidade do jogo praticado pelos ingleses do Corinthian Team naquele longínquo 31 de agosto de 1910, no 2x0 contra a A. A. das Palmeiras, aqueles cinco operários decidiram que era hora do esporte bretão ter espaço entre os mais humildes. E assim nasceu o clube que seria o Time do Povo, pois o povo é quem faria o time - como bem disse Miguel Battaglia à época.

Mas desde os primeiros anos, quando nem mesmo existia Parque São Jorge, o Corinthians Paulista se limitou ao futebol. Prova disso é que nosso primeiro título não veio dele, e sim do pedestrianismo: a Taça Unione Viaggiatori Italiani, em 1912.

O tempo passou, construímos nossa primeira casa - o Estádio da Ponte Grande, mas logo depois já nos mudamos para a atual sede, que se manteve, cresceu e hoje não é muito menos do que uma Meca para todo corinthiano. É uma história, iniciada em 1926 quando o presidente Ernesto Cassano comprou do E. C. Sírio, um terreno às margens do ainda limpo Rio Tietê, onde dois anos depois nasceria o atual Estádio Alfredo Schürig! Anos depois, surgiria ainda uma grandiosa sede social onde as mais diversas modalidades foram se desenvolvendo e trazendo honras e orgulho ao Corinthians, até hoje!

Mas a importância do Parque São Jorge vai muito além de uma sede social e modalidades. Trata-se de memórias, de experiências. De corinthianismo!

Inauguração do busto de Sócrates, em 2012
Inauguração do busto de Sócrates, em 2012 (Foto: Leandro Moraes/UOL Esporte)

A alma do Corinthians em 158 mil m²


Entre as alamedas do Parque, cada canto tem sua lembrança e significado. Seja os setes bustos de jogadores que marcaram história no futebol do alvinegro, ou no ginásio que homenageia um dos ídolos do basquete, Wlamir Marques - o mesmo que, em 1965, ajudou a derrotar o bicampeão europeu Real Madrid (ESP) junto com outras lendas do esporte, como Angelim e Rosa Branca.

Como esquecer de um espaço que recebeu lutas de Éder Jofre e Maguila? Que abrigou o futebol dos primeiros Jogos Pan-Americanos sediados pelo Brasil, em 1963? Que formou e forjou vencedores por décadas a fio? Como se desfazer dessas memórias?

A importância de cada um dos 158 mil m² da nossa sede está simbolizada no nosso escudo, por meio dos remos e da âncora nele colocados na década de 1930. E graças a isso, essa importância também está cravada na pele de cada um dos corinthianos que escolheu viver com o Timão tatuado no corpo, até o fim da vida. É o tipo de ligação definitiva que o Corinthians também tem com o Parque São Jorge, e nada pode quebrá-la, pois seria como fundar um novo Corinthians, sem alma e sem passado.

A venda do Parque São Jorge, seja ela parcial ou total, seria como jogar uma pá de cal em cima de uma história gloriosa vivida ali. Além de tudo, é escolher o caminho mais fácil para resolver um problema extremamente complexo: as finanças do clube. Por que não buscar alternativas para rentabilizar espaços da sede? Ou popularizar o acesso a ela e para gerar mais fonte de renda?

Diante de tantas dificuldades que enfrentamos, e de tantas melhorias que precisamos promover, perder uma referência tão simbólica quanto sentimental seria um duro golpe no corinthianismo que precisa nos guiar em todos os passos. Por isso defendemos o Parque São Jorge, e vamos defender sempre. E apelamos a todos os corinthianos que façam o mesmo. Afinal, não torcemos para o Corinthians Futebol Clube, mas para o SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA: um clube rico em tradições e orgulhoso do seu passado, em todas as modalidades!

Escrito por Daniel Keppler e Thiago Lopes, revisado por Daniel Keppler

2 comentários:

  1. Concordo totalmente com o texto. O Corinthians tem no PSJ sua história como Clube que é e sempre foi.

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