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14 de fevereiro de 2020

Vamos debater o Corinthians Basquete?

Corinthians Basquete vive uma temporada muito instável, em números e desempenho (Foto: Victor Lira/Bauru Basket)

O basquete, como alguns dizem, é um esporte de altos e baixos. Equipes enfrentam altos e baixos durante uma partida, por que não enfrentariam durante uma temporada? Sendo assim, julgo que um dos maiores objetivos dos times é conseguir contornar os momentos em baixa rapidamente, sendo o mais consistente que puder, assim evitando que os jogadores não percam a confiança, que certamente pode os afetar dentro de quadra.

Uma sequência de fracassos seguidos de dois vice-campeonatos seguidos, no melhor momento da equipe, culminou com o início de uma má fase do Corinthians, que prometia bater de frente com os principais times do basquete brasileiro nesta temporada. Quanto a isso, em nós, torcedores, que não estamos no dia-a-dia do clube, paira a dúvida – o problema é psicológico, técnico ou apenas acabou o fôlego?

Fato é que, após a inesperada derrota de virada para o Botafogo na final da Sul-Americana, onde perdeu os dois últimos jogos em seu domínio e com sua torcida, o Timão viu seu nível cair bastante e, até hoje não conseguiu se reencontrar em quadra, descendo a ladeira no NBB e sendo eliminado da Copa Super 8 logo na primeira fase. 

Botafogo comemora o título continental dentro do Parque São Jorge. (Foto: Reprodução/Consubasquet)
Tal derrota, inclusive, ocorreu exatamente no momento de ápice da equipe, que permaneceu invicta no NBB por sete partidas seguidas (incluindo uma vitória contra o próprio Botafogo, na qual o Corinthians sequer deu chances ao adversário – 102x76) e chegou a final do Campeonato Paulista, perdendo para Franca por 2x0.

Traduzindo em números, o basquete alvinegro estava, até a final da Sul-Americana, com oito vitórias e quatro derrotas no campeonato nacional, ocupando a quinta colocação da competição e permanecendo invicto por exatos 45 dias (de 26/10 a 09/12), se colocando entre os melhores do Brasil na temporada.

Porém, chegou a primeira semana do mês de dezembro, que mudaria a história da temporada para o Corinthians. O Timão iniciou a semana vencendo o Botafogo, fora de casa, pelo primeiro jogo da final da competição continental. Após a partida, voltou a São Paulo para disputar três partidas como mandante: contra Pinheiros pelo NBB e contra o Botafogo pelo segundo e, se fosse necessário, terceiro jogo para decidir o título.

Como sabemos, o final foi trágico, com o Timão perdendo todos os três jogos em casa. Desde então, não conseguiu jogar o mesmo basquete de alto nível que vinha desempenhando. Aliás, desde a perda do título continental o Corinthians disputou 10 jogos, vencendo apenas 30%. A diferença de desempenho antes e depois das finais é nítida, e os números mostram:

Culpa compartilhada

Citando o primeiro parágrafo do texto, o Corinthians não está sabendo contornar seu momento ruim que, infelizmente, já dura mais do que todo o bom momento que teve no começo da temporada. Porém, é errado e injusto tentarmos achar um culpado, como o técnico Bruno, que vira e mexe tem seu nome sendo colocado junto a xingamentos e pedidos de demissão.

Aliás, vale lembrar que Bruno Savignani e sua equipe estão juntos do elenco desde 2018, ajudando a remontar o esporte dentro do Parque São Jorge. No começo da temporada, o técnico foi muito elogiado pelo desempenho da equipe e, naturalmente, decaiu junto aos jogadores. Seu ponto fraco, talvez, seja como gestor de grupo, pois é preocupante a comissão não conseguir manter as rédeas do time, que parece ter se perdido muito psicologicamente. Melhor que o mandar embora, seria contratar um psicólogo para ajudá-lo com tal questão.

Mas reitero a afirmação, demitir não pode ser uma hipótese. Sem planejamento e faltando 10 jogos para o fim da primeira fase, é quase como dar um tiro no próprio pé. Como alguém de fora conseguiria fazer algo diferente do que um treinador, que está há mais de dois anos com a equipe, não consegue? Prefiro mantê-lo até o fim da temporada, ao menos. E, se for realmente o caso, se planejar para quem sabe, ir atrás de um técnico estrangeiro.

Bruno Savignani dando instruções durante uma partida (Foto: Reprodução/Corinthians)
Tampouco podemos culpar o departamento médico, já que apenas o pivô Teichmann está perdendo jogos por lesões. Porém, um adendo: o jogador era um dos pilares do sistema defensivo do Corinthians, e Johnson não consegue manter o mesmo nível no garrafão. Wesley até tenta, mas também não chega perto do nível do pivô. Mesmo assim, não acredito que um jogador possa fazer tanta falta assim.

Conclusão

Enfim, para alguns torcedores, a equipe não passa de um "cavalo paraguaio", que perdeu ritmo durante a competição. Para outros, o elenco está fazendo corpo mole, querendo derrubar o treinador. Fato é, que com um backcourt tão acima da média, um verdadeiro arsenal de bolas de três pontos e jogadores experientes no garrafão, não se espera que a equipe caia tanto de produção.

De qualquer modo, o Corinthians tem nove jogos para se recuperar no NBB e, a julgar pela vitória contra Rio Claro, o Timão tem tudo para engatar uma boa sequência. A defesa, ao menos, apareceu e muito bem. Defesa nível playoff, com uma intensidade muito alta, que me satisfez bastante. O ataque ainda penou um pouco, mas dá pra confiar na recuperação de Fuller e cia para esses últimos jogos.

Entretanto, a reta final não será nada fácil. Das nove partidas que nos resta, cinco são fora de casa e as outras quatro no Parque São Jorge. Inclusive, cinco são contra times que estão na frente do alvinegro na classificação, importante no objetivo de subir na tabela. O Timão, inclusive, fecha o campeonato com uma sequência de três jogos fora de casa, incluindo uma partida contra o líder Flamengo que, apesar dos pesares, tem tudo pra ser um bom preparativo para o mata-mata.

São nove jogos para parar, repensar e correr atrás do prejuízo, visando se classificar em boa colocação e fugir de pedreira nas oitavas, para, ao menos, repetir a campanha da temporada passada, onde caiu nas quartas. A torcida deve comparecer e apoiar os jogadores, tanto em caso quanto fora, um apoio das arquibancadas pode dar ainda mais gás pra equipe, que está precisando.

Escrito por Erick Araújo, revisado por Daniel Keppler

Siga o autor no Twitter: @erick_araujoo12

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