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16 de fevereiro de 2020

Precisamos conversar sobre Pedro Henrique

O zagueiro de 24 anos vem calando todas as críticas sobre seu futebol (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Na vida e no futebol, as coisas podem mudar rapidamente, e poucas verdades são absolutas. Na prática, vale o ditado: "nada como um dia após o outro"! E tem um jogador no elenco do Corinthians que espelha bem isso: Pedro Henrique.

Nosso zagueiro tem sido um exemplo de que, quanto maior a rodagem e a confiança depositada nele por jogadores, treinador e torcida, mais o jogador de futebol tem chances de render e evoluir. Cria da base, o zagueiro teve uma primeira passagem considerada ruim, ficando marcado como um zagueiro que pouco agregava - só estreou pelo time principal em junho de 2016, dois anos e meio depois de subir. Mas, depois de emprestado ao Bragantino, voltar e ser cedido ao Athletico-PR no último semestre, onde conheceu e foi treinado por Tiago Nunes, sua capacidade técnica melhorou significativamente, gerando um bem enorme para sua autoconfiança.

Embora não tenha sido titular no time de Tiago nos grandes momentos finais da temporada, PH ajudou o Athetico a conquistar o título da  Copa do Brasil, além de ter contribuído em boa parte da campanha no Brasileirão - onde sua presença foi necessária devido à aposentadoria de Paulo André e a suspensão de Tiago Heleno, por doping.

Então, no fim de 2019, com a contratação de Tiago Nunes pelo Corinthians, Pedro Henrique foi autorizado pelo velho/novo comandante a voltar ao clube onde tinha crescido para exercer sua função, saindo na frente de seus companheiros como parceiro de Gil na zaga titular.

Resposta em campo

Seu retorno ao Timão não pegou bem entre a torcida. Muitos queriam uma nova contratação para a posição, ao invés do jovem defensor - reação parecida com a que sofreu Camacho (e nós vamos falar dele, nos próximos dias). Mesmo assim, o plano de Nunes seguiu firme no sentido de lhe dar ritmo jogo e confiança.

Nos primeiros jogos da temporada, o rendimento do rapaz não foi brilhante. Parecia ainda inseguro com a bola no pé e pouco proativo na marcação. No entanto, o tempo passou, e como ele fez bem...

Desde o início do Campeonato Paulista monitoramos o desempenho dos jogadores corinthianos por aplicativos de dados, e é no Sofascore que conseguimos ver como o rendimento de PH não só não deve nada ao de Gil, como chega a ser superior em muitos momentos!

Após seis rodadas do Paulista, Pedro Henrique vem se saindo bem nos principais fundamentos defensivos, com números levemente melhores ao de seu companheiro. O jovem é mais participativo (80 toques na bola por jogo, contra 64 de Gil) e consegue mais interceptações (0,8 x 0,2), desarmes (2,7 x 0,4) e duelos ganhos (6,7 x 3). Gil supera o parceiro apenas em cortes dados (5,2 x 3,5).

Além disso, nas notas de avaliação do desempenho, Pedro Henrique também se supera, sendo mais regular no decorrer do ano: sua nota média sempre esteve acima de 7, e sempre melhor que Gil - exceto no jogo contra o Santos, quando Gil o superou por um décimo (7,6 x 7,5). Confira abaixo as notas de ambos, jogo e jogo:

Seu ponto alto, talvez, tenha sido o jogo da última quarta, contra o Guaraní (PAR). Em um jogo com nove cartões amarelos e dois vermelhos, Pedro Henrique se destacou no fator emocional, não comprometendo em nada para que a eliminação tivesse ocorrido. Ele efetuou seis cortes, quatro desarmes e uma interceptação. Tocou na bola 48 vezes e deu 25 passes. Participou menos, mas foi efetivo: mostrou segurança e maturidade. Foi excelente na marcação e soube os momentos de dar chutão e de sair jogando - algumas vezes com muita qualidade. Para muitos corinthianos, foi o melhor do jogo.

Conclusão

Sob forte desconfiança da torcida, Pedro Henrique teve humildade e força de vontade para recomeçar no clube onde aprendeu a jogar bola, mostrando em campo que havia mudado. Ele, que era o “patinho feio” da dupla de zaga, hoje divide os elogios com Gil, e muitas vezes os merece mais pelo que faz em campo!

Tudo isso com muito merecimento, trabalho construído jogo a jogo, fazendo com que a Fiel parasse com as críticas pelas críticas e começasse a notar o zagueiro de 24 anos. E sim, ele merece esse destaque. O que antes era alvo de desconfiança acabou se tornando um pilar defensivo e um dos homens fortes de Tiago Nunes.

No esquema do treinador, os zagueiros jogam numa linha um pouco mais avançada. Para que isso ocorra, ou o zagueiro é muito rápido ou ele tem um bom senso de posicionamento e se antecipa às jogadas. Pedro Henrique tem a segunda característica. Um zagueiro inteligente que se antecipa as jogadas adversárias. Por conhecer o trabalho do treinador, tem feito partidas elogiáveis, mesmo com o sistema defensivo ainda em reconstrução com a nova filosofia implantada.

O futebol é uma roda gigante. A crítica do passado hoje não tem espaço com Pedro Henrique. Que continue assim e se transforme de vez em uma referência para o time!

Escrito por Leonardo Ferreira e Victor Consoli, revisado por Daniel Keppler

Sigam os autores no Twitter: @futebolnuecru @uhTorugo

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