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14 de janeiro de 2020

Especial 20 Anos do Mundial - Parte 4: relembrando a final histórica

Jogadores do Corinthians no pódio do Mundial 2000
Jogadores do Corinthians no pódio do Mundial 2000 (Foto: Reprodução)

Sexta-feira, 14 de janeiro de 2000. Há exatos vinte anos o Maracanã recebia o Corinthians para a final do Mundial de Clubes. Dentro dele, mais uma vez a Fiel torcida comparecia em peso, protagonizando sua segunda invasão ao estádio, 24 anos depois de 1976. Foi lá que, durante os 120 minutos de jogo (mais os pênaltis), mais de 25 corinthianos deram um show nas arquibancadas, eternizando um grito que virou marca, rede de lojas e está presente até hoje nos jogos do Corinthians, Brasil afora: o “TODO PODEROSO TIMÃO”.

Dentro de campo, a meta até era simples: erguer a taça do primeiro Mundial de Clubes da FIFA. O problema estava do outro lado: um verdadeiro esquadrão vascaíno recheado de grandes craques consagrados e campeões, como Mauro Galvão, Juninho, Felipe, Ramon, Edmundo, Romário, entre outros. Equipe que não tomou conhecimento de South Melbourne (AUS), Necaxa (MEX) e Manchester United (ING) no Grupo B, passando à final com mais sobras do que nós, no Grupo A, contra Raja Casablanca (MAR), Al-Nassr (ARA) e Real Madrid (ESP).

Junte todos esses fatos e fique com um enorme orgulho e amor por esse título mundial de 2000! Não deixe que nada, nem ninguém, tire os méritos dessa conquista. É por tudo isso descrito acima que nossos rivais após a conquista, ficaram e ficam até hoje buscando desconsiderar e desmerecer tudo que aconteceu. História é história, e essa está marcada pelas garras do Gavião para sempre!

Que tal, então, reviver os lances desse jogo tão especial? Volte conosco, 20 anos no tempo, direto para o Maracanã:

Primeiro tempo: jogo aberto, chances perdidas

Rincón e Edmundo se cumprimentam
Rincón e Edmundo se cumprimentam (Foto: NetVasco)
O Corinthians, que entrava em campo com um dos seus maiores e mais bonitos uniformes de toda a sua história, entrou em campo disposto a marcar seu espaço em campo e não deixar o Vasco se impor. E de certa forma conseguiu: nos primeiros 20 minutos, o jogo se passou na maior parte do tempo na zona de ataque de ambas as equipes, partida muito equilibrada, e a partir de então, o Vasco joga um pouco melhor a partida.

A primeira boa chance do jogo veio justamente antes do 20 minutos e foi corinthiana! Aos 14 minutos de jogo, após jogada individual de Edílson na ponta direita, Luizão recebe o cruzamento, mata no peito, tira de Odvan, mas o chute foi desviado por Paulo Miranda.

A resposta do time vascaíno veio quatro minutos mais tarde, com Paulo Miranda estufando o lado de fora da rede. O Vasco também teve boa chance aos 20 minutos, quando, após boa jogada de Felipe, Edmundo recebe a bola na entrada da área, mas Adilson Batista salva o Timão de tomar o primeiro gol, desviando a bola para a linha de fundo.

O Corinthians teve ainda outra ótima chance. Com Ricardinho em sua primeira boa participação no jogo, aos 37 minutos, após boa triangulação com Luizão e Edilson, o maestro enfia a bola para Marcelinho (que até então também estava apagado na partida), assim, Marcelinho chuta a bola cruzado no canto direito do goleiro, exigindo que o mesmo faça ótima defesa.

Do lado do Timão, além do setor defensivo que se destacou com Adilson Batista, Fábio Luciano, Rincón e Vampeta (não deixando Romário e Edmundo com liberdade para jogar, fazendo com que recuem mais para buscar o jogo), Luizão também se destacou, pela entrega, voltando para marcar, e Edilson, que, com suas jogadas individuais e dribles, conseguiu criar algumas boas jogadas, faltas que poderiam ser melhores aproveitadas, sendo o que melhor atuou dos jogadores de frente no primeiro tempo.

Ricardinho, uma de nossas referências técnicas, nosso armador, não estava 100% devido a uma lesão no músculo anterior da coxa esquerda (cotado até mesmo a não participar da final), e o mesmo reconhece isso em uma matéria no site oficial do Corinthians: “O departamento médico do Corinthians sempre foi muito competente. Passei de um jogador que não atuaria na final para alguém que teve o privilégio de atuar durante os primeiros 45 minutos. Foi um momento inesquecível, a nossa torcida era imensa e muito participativa. É algo que fica gravado para sempre na memória”, o que comprometeu seu rendimento dentro de campo.

Marcelinho, um de nossos maiores ídolos também estava apresentando seu melhor futebol no primeiro tempo (apesar de a melhor chance do Timão vir de seu “Pé de Anjo”). Muito bem marcado, não conseguindo jogar, um dos pilares daquele time não conseguiu fazer muito na primeira etapa da partida.

Foram raras as vezes que o Corinthians conseguiu infiltrar na área vascaína, muito por conta de o Corinthians perder muito a bola no meio de campo, houve muitos chutes fora da área e chances desperdiçadas. Final de primeiro tempo: 0x0. 
O Vasco da Gama que foi a campo naquela noite
O Vasco da Gama que foi a campo naquela noite (Foto: Baú do Futebol)

Segundo tempo: um show de "quases"

Já sem Ricardinho que deu vaga para Edu Gaspar, o Corinthians teve a primeira chance de gol da segunda etapa, mais precisamente aos cinco minutos de jogo, quando Edílson rouba a bola e parte na arrancada em direção ao gol do Vasco, chutando a bola cruzada raspando o poste esquerdo do gol vascaíno, tirando tinta da trave.

Logo após, aos 6 minutos, Felipe faz o lançamento em direção a área Corinthiana, Adilson Batista não tira completamente, assim, a bola sobrando para Gilberto que chutou muito forte de primeira. Dida pouco pode fazer e a Fiel no Maracanã tirou a bola no grito.

Aos 14 minutos, após boa troca de passes entre Edmundo, Romário e finalmente Juninho Pernambucano (que saiu cara a cara com Dida), o mesmo não quis chutar e cruzou para o meio, assim perdendo uma chance clara de gol (ainda bem), pois a zaga do Corinthians conseguiu afastar o perigo. Gol esse que poderia complicar muito a vida do Timão no jogo.

Em cobrança de escanteio aos 24 minutos, Marcelinho quase faz um golaço, mais que isso, um gol olímpico. Com o goleiro adiantado, Marcelinho decidiu chutar a bola direto do escanteio com efeito em direção ao gol, fazendo com que Hélton se estique todo para realizar a difícil defesa. Seria um gol de placa. No lance seguinte a esse, em mais um escanteio, Marcelinho novamente alça a bola na área, e Luizão por pouco não desvia a bola para o gol.

O segundo tempo do Corinthians foi muito melhor comparado ao primeiro. Apesar de não ter muitas chances claras de gols, mais troca de passes, mais participações dos meias nas jogadas de ataque, mais liberdade para criações, fizeram com que o Timão se saísse melhor na segunda etapa. Vale destacar novamente a atuação perfeita do setor defensivo, que em mais uma etapa parou o poderoso ataque vascaíno, e principalmente, Romário e Edmundo. E assim, o tempo regulamentar terminou sem gols, e a decisão iria para a prorrogação.


O Corinthians que foi a campo naquela noite
O Corinthians que foi a campo naquela noite (Foto: Baú do Futebol)

Prorrogação: nada de "gol de ouro"


Com o jogo não resolvido, a partida foi para a prorrogação, ou seja, um tempo-extra de 30 minutos que seria resolvido no “Golden Goal”, ou gol de ouro, onde quem fizer o gol primeiro, leva a partida e, consequentemente, o título de Primeiro Campeão Mundial da FIFA.

Além de um chute de Edilson que passou acima do gol de Hélton e uma falta cobrada por Alex Oliveira, nenhuma outra boa chance aconteceu no jogo, de nada valeu a chance de "Golden Goal" e novamente o placar termina empatado.

Vale lembrar também: durante a prorrogação, Vampeta deu lugar a Gilmar Fubá e Edilson saiu para que Fernando Baiano entrasse no Corinthians. Já no lado do Vasco, Juninho Pernambucano saiu para a entrada de Viola e Ramon saiu para que Donizete entrasse.

Pênaltis: a consagração de Dida


As penalidades máximas foram abertas por Rincón, que bateu no lado oposto de Hélton para fazer o gol para o Timão, contando com a bola batendo na trave antes de estufar as redes. Romário foi o primeiro cobrador do Vasco, que, por infelicidade de Dida, viu a bola entrar por baixo dos braços do arqueiro da Fiel. 1x1 na primeira rodada dos pênaltis.

Fernando Baiano e Alex Teixeira começaram a segunda rodada, por Corinthians e Vasco, respectivamente, ambos bateram no lado oposto que caíram os goleiros. 2x2 na segunda rodada dos pênaltis.

Na terceira rodada, Luizão marca para o Timão, bate forte, rasteiro, no mesmo lado em que pulou Hélton, mas bateu no cantinho do gol, indefensável. Gilberto perde o pênalti para o Vasco, bate no lado direito de Dida, que caiu para o mesmo lado, assim, encaminhando o título do Corinthians. 3x2 na terceira rodada dos pênaltis.

Edu Gaspar abre a quarta rodada com um chute rasteiro e forte, sem tomar muita distância, mas que foi certeiro no canto esquerdo do goleiro vascaíno. Para manter o Vasco na disputa, Viola bate a direita de Dida e marca para o time do Rio de Janeiro. 4x3 na quarta rodada dos pênaltis.

Na quinta rodada, foi a vez de Marcelinho cobrar para o Corinthians, o Pé de Anjo, o ídolo da Fiel, o nosso batedor oficial de faltas, escanteios, seja o que for que necessite de precisão, mas dessa vez… Ele errou, bateu mal e Hélton fez fácil defesa. Para fechar a rodada, Edmundo bateu para o Vasco, bateu na direita do gol de Dida, chutou para fora e perdeu a cobrança! Corinthians, primeiro campeão do Mundial de Clubes!

Foi um dia de muitas emoções com toda certeza do mundo, desde ansiedade, nervosismo, alegria, tristeza, enfim… nós Corinthianos, somos um misto de sentimentos, um misto de emoções, que só quem é, sabe!

Um time de futebol se engrandece, constrói histórias, e essa sem dúvida alguma é uma das maiores do Sport Club Corinthians Paulista. Já são 20 anos de muita comemoração, orgulho - e, claro, muita raiva e ódio destilados pelos rivais em todo o Brasil. Alguém aí se importa?

Deu vontade de ver o jogo completo? Então veja!

Ficha técnica: Corinthians 0 (4)x(3) 0 Vasco

Torneio: Mundial de Clubes FIFA 2000 – Final – Jogo Único
Data: Sexta-Feira, 14 de Janeiro de 2000, as 20:00 h (de Brasília)
Estádio: Jornalista Mário Filho “Maracanã”, Rio de Janeiro/RJ
Público: 73.000 espectadores – Renda: não divulgada
Árbitro: Dick Jol (Holanda)
Assistentes: Jens Larsen (Dinamarca) e Fernando Cresci (Uruguai)

Corinthians: Dida, Índio, Adílson, Fábio Luciano, Kléber, Freddy Rincón, Vampeta (Gilmar), Marcelinho Carioca, Ricardinho (Edu), Edílson (Fernando Bahiano) e Luizão
Vasco: Hélton, Paulo Miranda, Mauro Galvão, Odvan, Gilberto, Amaral, Felipe (Alex Oliveira), Juninho Pernambucano (Viola), Ramon Menezes (Donizete), Edmundo e Romário
Cartões amarelos: Rincón, Adilson, Edilson e Luizão (Corinthians); Felipe, Amaral, Paulo Miranda e Edmundo (Vasco)

Escrito por Beatriz de Alcântara, Felix Penha e Luis Guilherme Toledo Rillo, revisado por Daniel Keppler

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